Cuidados paliativos: como a fisioterapia e a enfermagem contribuem para o manejo da dor
- março/2021
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Os cuidados paliativos se caracterizam pela promoção da qualidade de vida do paciente acometido por condição incurável. Nesse cenário, o manejo da dor é a principal estratégia, e exige atendimento por equipe multidisciplinar – em que a enfermagem e a fisioterapia se destacam como áreas de amplo impacto sobre o quadro do indivíduo.
Segundo o Atlas de Cuidados Paliativos en Latinoamérica, o Brasil ainda é deficitário em serviços comunitários de cuidados paliativos. A oferta da condição se concentra, sobretudo, no contexto intra-hospitalar. Apesar de necessitar avanços, o país é o único da América Latina a publicar regularmente uma revista especializada no assunto, além de deter cerca de metade da produção científica da região.
Manejo da dor em pacientes sob cuidados paliativos
Nos cuidados paliativos, o manejo da dor está vinculado diretamente ao conforto e à qualidade de vida. O foco, aqui, deixa de ser o tratamento da doença e é direcionado às condições de sobrevida.
Seja no ambiente domiciliar ou hospitalar, os cuidados paliativos devem garantir condições para que o paciente mantenha, no limite do possível, suas atividades rotineiras. “Tratar a dor melhora a capacidade cognitiva e física proporciona o sono reparador e permite que o paciente se movimente”, explica o médico Adivanio Cardoso Américo, do Serviço de Tratamento da Dor e Medicina Paliativa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). “Indivíduos acamados apresentam mais riscos de complicações na sobrevida”, explica.
Importância das equipes multidisciplinares
Os cuidados paliativos vão além da atenção à saúde física, envolvendo aspectos familiares, psicossociais e espirituais. “O princípio desses cuidados é a abordagem holística. Isso porque a dor é uma condição psicossomática, e o sofrimento do paciente agrega também seu histórico clínico, pessoal e emocional”, comenta Américo.
Na equipe multidisciplinar, cada especialidade contribui com técnicas próprias para a melhor abordagem. Assim, desde o diagnóstico da dor até o manejo adequado, é necessário que enfermeiros, médicos, fisioterapeutas e outros profissionais avaliem o quadro a fim de reduzir o sofrimento da pessoa enferma. “Cada especialidade atua na promoção da autonomia do indivíduo, mesmo que a doença de base seja incurável”, ressalta o médico.
Convergência entre enfermagem e fisioterapia no manejo da dor
Por passar a maior parte do tempo acompanhando o paciente, a equipe de enfermagem tende a ter amplo conhecimento de suas necessidades. Assim, enfermeiros se tornam essenciais ao diagnóstico da dor, realizado por meio de escalas e de exames físicos e clínicos. Além disso, eles centralizam informações e as distribuem entre as demais especialidades.
Para o manejo da dor, enfermeiros aplicam técnicas e procedimentos que amenizam o sofrimento, como a administração de medicamentos e a adaptação no leito.
Já a contribuição da fisioterapia está nos recursos não-invasivos (exclusivos da especialidade), que permitem a manutenção de funções e da mobilidade dos pacientes em cuidados paliativos. Para o controle da dor, diversas técnicas e exercícios têm seus efeitos analgésicos comprovados, como a terapia manual e a eletroestimulação.
A convergência entre a fisioterapia e a enfermagem é feita pela troca de informações sobre o paciente em seu quadro clínico. Além disso, no contexto de indivíduos internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), os exercícios de fisioterapia precisam do suporte da enfermagem, o que garante a segurança do indivíduo quando estiver ligado a aparelhos.
“Por não estar a todo momento com o paciente, o fisioterapeuta pode contribuir com os profissionais de enfermagem, orientando formas de mobilização para amenizar ou prevenir quadros dolorosos”, salienta Américo.
Manejo da dor em UTI
Os cuidados em UTI diferem do conceito dos cuidados paliativos. A assistência da medicina intensiva mantém a perspectiva de tratamento, tendo como metas a remissão de problemas e a devolução de melhores condições ao paciente.
Os cuidados paliativos, por sua vez, concentram-se na manutenção da qualidade de vida quando não houver mais terapias disponíveis. Ainda assim, é normal haver desfechos desfavoráveis em UTI. Nesse momento, cabe à equipe multidisciplinar atuar no conforto do paciente de modo paliativo. “Na UTI, nem todos têm capacidade de expressar seu sofrimento, o que pode levar ao subtratamento. Por isso, a assistência de enfermagem e a fisioterapia no leito são fundamentais para reabilitar a pessoa e prover melhores condições de vida”, observa Américo, do HCPA.
Esse cuidado pode significar uma redução de sequelas comuns da UTI, como diminuição da mobilidade e perda funcional e muscular, além de menor probabilidade de dor.
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Redação Secad
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