Como diagnosticar e tratar os transtornos da tireoide em pequenos animais
- dezembro/2020
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A tireoide é a glândula endócrina de maior importância na regulação do metabolismo animal. Assim como nos humanos, ela libera os hormônios T3 e T4, que contribuem para o bom funcionamento dos órgãos. Os transtornos da tireoide acontecem, portanto, quando a secreção dessas substâncias é insuficiente ou exagerada.
Em animais de pequeno porte, os problemas mais comuns são o hipotireoidismo (cães) e o hipertireoidismo (gatos). Apesar de contarem com um diagnóstico simples, essas condições frequentemente passam despercebidas – pelo menos até se agravarem. Isso se deve ao fato de que, nas fases iniciais, os pets apresentam sintomas que podem ser interpretados como uma mera mudança de comportamento.
Dessa forma, é essencial que o médico veterinário esteja atento a alterações clínicas dos pacientes e solicite exames de rotina sempre que possível.
Saiba, a seguir, como identificar as patologias e quais são as alternativas terapêuticas disponíveis.
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Hipotireoidismo canino
Comum em cachorros e extremamente rara em gatos, a doença manifesta seus primeiros sinais a partir dos cinco anos – especialmente nas raças beagle, cocker, golden-retriever e labrador. Cães com essa condição se tornam apáticos e sonolentos. Eles também apresentam aumento de peso repentino, queda de pelos e intolerância ao frio.
Se o estado do animal e o relato do tutor forem semelhantes ao descrito, o médico veterinário deve realizar o exame físico com apalpação da região e solicitar as seguintes análises laboratoriais:
>> Medição de concentração sérica de T4 por diálise de equilíbrio.
>> Medição da concentração sérica de cTSH.
>> Determinação da presença de anticorpos contra a tiroglobulina ou contra os hormônios da tireoide.
O tratamento é indicado se todos os parâmetros estiverem alterados ou se houver alteração muito expressiva do T4. A presença dos anticorpos aponta para um diagnóstico de tireoide linfocitária.
O objetivo é suprir a deficiência hormonal através da terapia farmacológica, imitando o padrão natural de secreção. Para isso, o profissional pode recorrer a levotiroxina sódica (L-T4) de administração oral. Em entrevista à revista Veja Saúde, o médico veterinário Marcelo Quinzani explica que os sintomas são totalmente reversíveis quando o tratamento é seguido de forma correta. Ele lembra, entretanto, que o acompanhamento é necessário ao longo de toda a vida.
Hipertireoidismo felino
A maioria dos gatos possui duas glândulas de tireoide, sendo uma em cada lado do pescoço, e pode desenvolver transtornos em ambas. As endocrinopatias normalmente iniciam após os quatro anos.
Assim como nos cães, as alterações metabólicas são progressivas e os sintomas iniciais são leves. Nos primeiros meses, os pets têm aumento de apetite e se tornam mais ativos, evoluindo para quadros de taquicardia, polifagia, diarreia, êmese, poliúria e polidipsia. Também há uma perda de peso expressiva.
O ideal é que os veterinários investiguem possíveis transtornos hormonais em todos os felinos de meia idade ou com perda de peso repentina. Animais que apresentem má condição clínica, pelagem opaca e nódulos na região do pescoço também precisam ser avaliados. No processo diagnóstico, o médico veterinário deve observar aspectos como:
>> Alta concentração do T4.
>> Sinais hematológicos como eritrocitose.
>> Aumento das enzimas hepáticas.
>> Azotemia e hiperfosfatemia.
Para chegar a uma definição, consideram-se os sinais clínicos, a palpação da tireoide e os resultados dos exames laboratoriais. A alternativa terapêutica a ser escolhida dependerá das particularidades da condição em cada paciente.
De acordo com a Associação Brasileira de Endocrinologia Veterinária (Abev), existem três opções de tratamento: iodo radioativo, fármacos antitireoidanos e procedimento cirúrgico.
Atualmente, o iodo é a primeira linha de tratamento. Apesar de exigir uma estrutura especializada para aplicação, a iodoterapia gera poucos efeitos colaterais e reduz significativamente a atividade da glândula.
Dentre os fármacos, o mais utilizado é o metimazole, que inibe a síntese do hormônio – mas não impede o crescimento da tireoide. A cirurgia, por fim, é reservada para casos que não respondem as demais estratégias. O acompanhamento contínuo também é indispensável.
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Redação Secad
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