Desafios da saúde na próxima década: como o Brasil se prepara
- março/2020
- 2089 visualizações
- Nenhum comentário

Em janeiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou os 13 desafios da saúde pública para a próxima década. A iniciativa marca a aproximação do cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. Apesar de ter assinado o acordo de cooperação, o Brasil é um dos países emergentes que menos investe em saúde, segundo estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O investimento brasileiro, de 3,8% do PIB, fica muito aquém do compromisso constitucional do Estado em prover assistência universal e gratuita à população. Para isso, seria necessário um investimento mínimo de 6%. Por enquanto, o desafio proposto pela OMS é aumentar em pelo menos 1% do PIB os investimentos em saúde pública.
Além da necessidade de elevar os aportes financeiros, a OMS elenca entre as medidas mais urgentes para a próxima década a inclusão de temas como crise climática, conflitos e epidemias nas políticas públicas.
Na lista da Organização Mundial da Saúde não há ordem de prioridade. Todos, segundo a entidade, têm o mesmo nível de urgência para a saúde pública. Confira, abaixo, os tópicos:
- A crise climática é uma crise de saúde
- Surto de doenças em territórios de conflito
- Tornar os cuidados de saúde mais justos
- Expandir o acesso a medicamentos
- Contenção de doenças infecciosas
- Preparando-se para epidemias
- Proteção contra produtos perigosos
- Investimento em formação de qualidade de profissionais de saúde
- Saúde dos adolescentes
- Ganhar a confiança da população
- Aproveitamento de novas tecnologias
- Atenção à resistência antimicrobiana (RAM)
- Saneamento básico nos serviços de saúde
Desafios da saúde no Brasil
Além dos apontamentos sugeridos pela OMS, o médico Fernando Carbonieri, especialista em bioética, destaca outros temas cruciais para melhorar a saúde no Brasil. Acompanhe:
Mudança de perfil geracional epidemiológico
“A população mundial está envelhecendo – e no Brasil isso não é diferente. Idosos requerem maior atenção e investimentos na saúde, o que acaba sendo um grande problema para a maior pasta do governo, que está com recursos limitados”, explica Carbonieri.
Para 2030, a OMS prevê que número de idosos ultrapassará o total de crianças entre zero e 14 anos no Brasil. Hoje, o país investe R$ 45 bilhões com os 70% dos idosos que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS). Em dez anos, estima-se, o país precisará desembolsar R$ 115 bilhões para atender essa população. Enquanto países da Europa tiveram cerca de 150 anos para acompanhar o mesmo tipo de transformação, o Brasil terá não mais que duas décadas para se adequar.
Segundo Carbonieri, o principal desafio é a gestão dos recursos. Para ele, os municípios, que são responsáveis pela atenção básica prioritariamente ligada ao SUS, nem sempre têm gestores capacitados ou estrutura para angariar recursos dos governos estadual e federal. “Um dos primeiros desafios é a coordenação da gestão para que os investimentos de saúde aconteçam no Brasil. Isso faz parte do nosso ‘custo país’ e precisa ser melhorado”, destaca.
Formação de profissionais resolutivos
CEO do portal Academia Médica – plataforma que centraliza troca de conhecimentos e experiências com a comunidade da saúde –, Carbonieri aposta na inovação como um dos caminhos viáveis para a sustentabilidade do segmento. “A tecnologia vem para melhorar as auditorias e a qualidade dos processos. Ela otimiza a inteligência que temos sobre o assunto, e os dados podem ajudar a contornar com precisão diversos desafios”, comenta.
Os esforços pela adesão a novas tecnologias, no entanto, em geral não têm respaldo representativo nas políticas públicas. Para ele, são as empresas privadas que mais inovam na atualização continuada e na formação de profissionais de saúde.
Tecnologia aliada à cobertura equânime de acesso à saúde
A tecnologia pode transformar não apenas a maneira de gerir recursos e a assistência, mas também a formação e a cobertura de saúde. Em janeiro de 2018 (última demografia médica), o Brasil contava com mais de 450 mil profissionais, com média de 2,18 médicos para cada mil habitantes. A recomendação da OMS é de 1 médico a cada mil pessoas. Ainda que o índice brasileiro seja o dobro do que sugere a OMS, o país ainda sofre com uma grande desigualdade na distribuição desses profissionais – concentrados em grandes centros urbanos e nas regiões Sul e Sudeste.
A atenção básica, considerada o grande trunfo da sustentabilidade em saúde, é a área em que mais faltam médicos, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU). “Formar médicos com capacidade em atenção primária em saúde também é muito importante, bem como formar médicos de família e comunidade. Acredito que a hiperconectividade resolva um pouco a questão de enviar esses profissionais para áreas remotas”, comenta Carbonieri.
Segundo o CEO do Academia Médica, a descentralização tende a ser espontânea, a partir da maior produção de conteúdos e de novas experiências online. “Você acaba fornecendo para os profissionais situações que antes não eram possíveis, como atualização de qualidade e acesso a produtos e serviços que antes só existiam em grandes cidades”, completa.
Existem ótimas opções para quem deseja se atualizar a distância, um exemplo são as atualizações profissionais desenvolvidas ao lado das principais sociedades científicas de cada área de atuação.
Agora que você já sabe os desafios que a saúde vai enfrentar, aproveite para baixar um eBook gratuito sobre as tecnologias que prometem transformar o diagnóstico por imagem:

Redação Secad
O melhor conteúdo sobre a sua especialidade.