Papiloma de laringe: como reconhecer e tratar
- novembro/2020
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A papilomatose laríngea é uma neoplasia benigna causada pela infecção por papiloma vírus humano (HPV). Sua incidência é caracterizada pela presença de lesões epiteliais verrucosas na região da laringe, gerando quadros progressivos de disfonia e dispnéia. Se não for tratada, a neoplasia pode gerar insuficiência respiratória por obstrução e até mesmo levar o paciente à óbito.
Segundo o portal HPV Info Brasil, a doença acomete tanto crianças quanto adultos, sendo mais comum na primeira infância e, depois, dos 30 aos 40 anos. No primeiro caso, a contaminação ocorre de forma vertical, com vírus passando da mãe para o bebê. No segundo, a transmissão ocorre através da atividade sexual. Atualmente, sabe-se que as variações do vírus com maior relação com o desenvolvimento do quadro são a HPV-6 e a HPV-11.
Não existem dados precisos sobre a sua incidência no mundo ou no Brasil, mas segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca) a estimativa é de que 50% da população mundial feminina e masculina esteja infectada com o HPV.
Por ser uma patologia recorrente, o papiloma de laringe é considerado de difícil controle. Indivíduos com esse diagnóstico enfrentam fases agudas e períodos de remissão, e ainda não há um tratamento que ofereça a garantia de cura.
Entenda como ocorre a evolução da doença, como realizar o diagnóstico e saiba quais são as alternativas terapêuticas disponíveis.
Perfil de evolução
Os sintomas e o curso da patologia estão diretamente ligados à faixa etária em que ela se manifesta. Em crianças, a condição provoca rouquidão ou choro fraco, evoluindo para desconforto respiratório alto. Nesse período da vida, as lesões também atingem uma área maior, podendo levar à obstrução respiratória e a necessidade de traqueostomia de urgência.
Não raramente, o paciente recebe um diagnóstico equivocado de asma, crupe ou bronquite crônica, e a correção só acontece por volta dos quatro anos de idade. Esse também é o momento em que os pacientes estão mais sujeitos à recidivas, que podem ocorrer em menos de duas semanas.
A manifestação em adultos é mais branda. Eles também apresentam rouquidão progressiva, mas raramente desenvolvem insuficiência respiratória ou precisam de procedimentos de urgência. Aqui, as lesões surgem em menor número e crescem mais lentamente.
Apesar das diferenças conforme idade, a evolução da papilomatose varia de acordo com as particularidades de cada pessoa. Enquanto alguns casos regridem espontaneamente, outros necessitam de diversas cirurgias. De acordo com a otorrinolaringologista Adriana Hachiya, secretária-geral da Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABLV), isso ocorre justamente por se tratar de uma infecção viral, que pode ficar latente no organismo por muito tempo. “Há relatos de recidivas mesmo após 47 anos de remissão”, explica. Por isso, é quase impossível decretar a eliminação da doença, mesmo quando não existem mais lesões aparentes.
Diagnóstico de papiloma de laringe
Havendo suspeita de papiloma de laringe, o primeiro passo é solicitar uma laringoscopia para visualizar a região. Segundo Hachiya, a lesão é muito característica e fácil de reconhecer: são traumas exofíticos semelhantes a cachos de uva ou verrugas com pequenos pontos esbranquiçados. A otorrinolaringologista reforça que elas podem estar restritas a uma porção da laringe ou afetar mais locais, como as pregas vocais, as pregas vestibulares e a epiglote.
A confirmação do diagnóstico requer a retirada da lesão e análise histológica dos fragmentos. Dada a dificuldade de realizar endoscopias rígidas em crianças, nesses casos o ideal é recorrer a nasofrioscopia.
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Alternativas terapêuticas
A microcirurgia de laringe com remoção das lesões por instrumentos frios ou a laser ainda é a primeira linha de tratamento. Dessa forma, é possível diminuir a área comprometida e evitar a obstrução das vias áreas. Entretanto, o controle das recidivas pode exigir manipulação frequente – e resultar em sequelas permanentes, como estenose e formação de tecido de granulação.
Segundo a secretária-geral da ABLV, novos estudos têm apontado benefícios no uso de medicações associadas ao procedimento. Até o momento, os fármacos que demonstraram melhor desempenho foram o alfa interferon, o indol-3-carbinol e alguns antivirais. “Também existem pesquisas evidenciando que a vacinação contra o HPV colabora com o prognóstico”, salienta. Essas descobertas, entretanto, são recentes e ainda precisam de maior comprovação científica.
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Redação Secad
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