Tabagismo: o impacto na vida dos brasileiros e como controlar
- novembro/2020
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O tabagismo é uma doença decorrente da dependência à nicotina, substância presente no tabaco, matéria-prima do cigarro. A condição é listada na Classificação Internacional de Doenças (CID) como transtorno comportamental, uma vez que se enquadra nos critérios de abuso de substâncias psicoativas.
Além dos efeitos psicológicos, a adição ao tabaco é fator causal de pelo menos outras 50 patologias – como câncer, doenças respiratórias crônicas e cardiovasculares. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o consumo de cigarros pode levar a aproximadamente 200 mil óbitos por ano. E mesmo com inúmeras campanhas da conscientização sobre os malefícios do hábito, cerca de 10% da população brasileira se declara fumante.
Com a pandemia de coronavírus, a procura por tratamentos para a condição cresceu 30% só no estado de São Paulo. Indivíduos fumantes, vale lembrar, têm mais chances de desenvolver quadros graves da infecção por Covid-19.
No Brasil, as ações de combate ao vício são coordenadas pelo Ministério da Saúde através do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT). Por meio de iniciativas educacionais, legislativas e de atenção à saúde, o programa tem como objetivo prevenir a iniciação do hábito, cessar o consumo de cigarros e proteger os cidadãos do fumo passivo.
Entenda, a seguir, como a nicotina age no organismo e saiba como orientar o tratamento. Para aprimorar sua prática diária, conheça as Atualizações Profissionais desenvolvidas com as principais sociedades da Psicologia.
Efeitos do tabagismo
A nicotina atinge o sistema nervoso central entre sete e 19 segundos após ser ingerida. Uma vez no organismo, ela estimula a liberação de neurotransmissores (dopamina) responsáveis pela sensação de prazer, motivação e recompensa. A substância também inibe a ação do sistema GABA (ácido gama-aminobutírio), prolongando os sentimentos de bem-estar e controle.
É justamente a velocidade com que atinge seu pico de ação que torna a nicotina tão viciante. Com o uso frequente, o paciente desenvolve tolerância e passa a necessitar de maiores quantidades da substância para alcançar as mesmas sensações. Esse processo gera um reforço positivo e necessidade de repetição – caracterizando, assim, a dependência química.
Além da adição, o tabaco causa inflamações em diferentes sistemas e prejudica a imunidade. Por isso, fumantes estão mais expostos a infecções por vírus, bactérias e fungos.
Diagnóstico de dependência
De acordo com o Inca, o diagnóstico de dependência é clínico, sem a necessidade de exames laboratoriais ou de imagem. O profissional de saúde deve se basear no relato do paciente, considerando ainda a presença de pelo menos três os seguintes critérios:
>> Desejo forte e compulsivo pela substância
>> Dificuldade para controlar o uso
>> Estado de abstinência fisiológica diante suspensão ou redução
>> Evidência de tolerância
>> Abandono progressivo de outros prazeres
>> Aumento do tempo destinado ao consumo
>> Persistência no uso apesar das consequências
Para avaliar o grau de adição, é possível utilizar o Teste de Fagerström. A ferramenta consiste em um questionário com seis perguntas e escores de zero a 10. Quando o resultado for superior a seis pontos, a pessoa pode ser considerada tabagista, e provavelmente apresentará síndrome de abstinência.
Tratamento
Chefe da Divisão de Controle do Tabagismo do Inca, Andreia Reis Cardoso afirma que o objetivo da instituição é fazer com que o tratamento esteja amplamente disponível e acessível na rede pública de saúde. “Ele precisa ser inclusivo e considerar a situação socioeconômica e as necessidades de cada grupo. Isso facilita a aceitação do paciente e reduz as chances de reincidência.”
O consumo de cigarros, segundo ela, é um comportamento constantemente reforçado. Por isso, é necessária uma abordagem cognitivo comportamental para que seja alterado. “Fumar é um hábito aprendido e diretamente ligado a questões emocionais. O foco principal, portanto, é o psicológico, reformulando o modo de agir e pensar.”
Quanto o paciente manifesta o desejo de cessar o consumo de tabaco, o profissional da saúde deve prepará-lo para as diferentes etapas do abandono progressivo. O ideal é sugerir que a pessoa marque uma data para iniciar o processo, explicar os sintomas da abstinência e indicar estratégias de controle e quebra de estímulos.
A cessação do tabagismo também pode se beneficiar do uso de medicamentos. No Sistema Único de Saúde são utilizadas as terapias de reposição de nicotina com adesivo transdérmico e goma de mascar e cloridrato de brupopiona.
A porta-voz da Divisão de Controle do Tabagismo do Inca lembra ainda que, no acompanhamento oferecido pelo SUS, estão incluídas sessões de terapia em grupo. Ao total, o processo orientado pelo PNCT leva cerca de um ano até sua conclusão.
Durante o período, o paciente pode apresentar dor de cabeça, irritabilidade, agressividade, alterações do sono e dificuldade de concentração. A intensidade dos sintomas, entretanto, é reduzida gradativamente, e eles se tornam cada vez mais espaçados – até seu desaparecimento por completo.
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Redação Secad
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