Como diagnosticar e tratar epilepsia em cães
- novembro/2020
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A epilepsia canina é uma doença neurológica caracterizada por um conjunto de desordens elétricas capazes de desencadear convulsões – tal qual a epilepsia que atinge os humanos. Ela é uma patologia crônica e geralmente congênita, mas também pode ser causada por condições estruturais, como traumas ou condições que afetem o sistema nervoso (cinomose, por exemplo).
De acordo com o Centro Hospitalar Veterinário do Porto (CHV), de Portugal, a prevalência da epilepsia entre todos os cães é de 0.75%. Algumas raças, entretanto, estão mais predispostas a desenvolver a condição.
Apesar das convulsões serem o principal sintoma da epilepsia em cães, é importante lembrar que elas não são provocadas exclusivamente por quadros epilépticos. As crises também podem decorrer de intoxicações ou tumores cerebrais.
Os episódios costumam durar pouco. Na maior parte dos casos, eles não ultrapassam os três minutos. Mas eles também são periódicos e imprevisíveis, e trazem grande sofrimento para os pets e seu tutores. Dessa forma, é essencial que o médico veterinário saiba identificar a patologia e suas especificidades, além de orientar corretamente o manejo com o animal e a estratégia terapêutica. Saiba, a seguir, como atender cães nessa situação.
Tipos de epilepsia canina
Os surtos epilépticos são classificados quanto eu seu tipo e origem, e são essas variações que guiam o profissional no diagnóstico. A doença pode ser idiopática ou sintomática, conforme os seguintes padrões:
• Idiopática: Não há nenhuma causa aparente, suspeitando-se de herança genética. É mais comum em machos, e o primeiro episódio acontece entre os seis meses e os seis anos de idade. Normalmente as crises são espaçadas, com um intervalo de pelo menos 24 horas. No período inter-ictal, não há alteração neurológica.
• Estrutural/sintomática: está relacionada a lesões intra ou extracranianas, comorbidades ou intoxicações. Há alteração neurológica inclusive entre os surtos. O prognostico é positivo na maioria das vezes.
Diagnóstico
Quando os tutores procuram auxílio veterinário, o cão encontra-se estável. Isso torna o diagnóstico ainda mais desafiador, e exige que o profissional extraia o máximo de informações possível do relato dos acompanhantes. A análise do quadro requer exame clínico, avaliação do histórico médico e exames de imagem (tomografia computadorizada ou ultrassonografia).
Segundo a equipe do CHV, o primeiro passo é definir se as convulsões são de fato epilépticas ou correspondem a outra situação paroxística. Vídeos gravados pelos tutores no momento da crise podem ajudar.
A segunda etapa, então, é afastar a possibilidade de epilepsia canina estrutural/sintomática. Essa variação é na verdade um problema secundário, podendo ser identificada através de exames de sangue, da observação de sinais gastrointestinais e respiratórios e da imagiologia. Com essas suspeitas eliminadas, chega-se ao diagnóstico de epilepsia idiopática.
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Tratamento e orientação dos tutores
A doença ainda não tem cura, mas existem terapias medicamentosas que controlam e minimizam a frequência das convulsões. Atualmente, os fármacos mais usados são os anticonvulsionantes. Eles devem ser introduzidos quando o cão apresentar duas ou mais convulsões em um período de seis meses, se houverem alterações comportamentais graves após os surtos e se a duração dos episódios estiver em claro processo de intensificação.
Os medicamentos da primeira linha de cuidado são o fenabarbital e a imepitoína. Quando eles não conseguem controlar os ataques sozinhos, o veterinário deve associá-los a brometo de potássio ou levetiracetam. Também é necessário receitar diazepam para o momento de crise. Se utilizadas de forma indiscriminada, essas medicações aumentam o risco de danos hepáticos.
O médico veterinário ainda precisa instruir os tutores em relação ao manejo das convulsões. Os animais demonstram sinais antes dos episódios, procurando abrigo, mudando seu comportamento e aproximando-se das pessoas em que confiam. Durante o surto, o tutor deve proteger o cão de se autolesionar, afastando objetos pontiagudos e colocando-o em um ambiente seguro.
É importante reforçar que, nesse momento, nada pode ser administrado por via oral. Quando o pet apresentar os primeiros sintomas, o correto é administrar o diazepam por via oral. Assim que a crise passar, a família deve conversar com o cão em voz baixa e evitar estressá-lo.
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Redação Secad
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