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Queda de pelos e a suplementação nutricional em pequenos animais

A queda de pelos em cães e gatos costuma acontecer duas vezes ao ano – geralmente no outono e na primavera. Além dessa ação fisiológica, percebe-se pelo ralo nos animais aos primeiros meses de vida ou em idade avançada. Caso a queda aconteça com o cão ou gato em vida adulta, um médico veterinário deve analisar a causa. A alteração pode indicar problemas na saúde do animal, muitas vezes relacionados a disfunções da dieta.

Fora da normalidade, a queda  é comum em espécies de pelagem longa. Entre as raças que mais sofrem estão, por exemplo, golden retriever, labrador, pastor alemão, pug, pinscher, beagle, husky, chow-chow, akita, bulldogue e rottweiler. Com gatos, o mesmo acontece com as raças persa, exótico e himalaio.

Entretanto, mesmo em casos em que a probabilidade de queda de pelos é mais evidente, uma dieta nutricional específica – considerando a idade, o porte e o clima onde o animal reside – pode resolver o problema.

Quando a dieta nutricional não é suficiente, a suplementação auxilia o médico veterinário a reequilibrar a saúde dos animais. Como cães são considerados carnívoros-onívoros, eles precisam de nutrientes ricos em proteína e gordura, além de vegetais, óleos e fibras. Já os gatos são considerados carnívoros estritos e, por isso, dependem eminentemente de proteína como para suprir sua necessidade energética.

“Na base proteica inclui-se os aminoácidos, que têm ação direta na pelagem do gato”, afirma o médico veterinário Yves de Carvalho, mestre em Nutrição Animal pela Universidade de São Paulo (USP). “Eles ainda necessitam de gorduras e são sensíveis às concentrações elevadas de açúcar [carboidratos], que podem causar mais problemas pela baixa capacidade de absorção”.

Nutrientes funcionais como vitamina A, vitamina C, colágeno, tirosina, vitaminas do complexo B e zinco ajudam a repor as deficiências, restaurando a pele e a queda de pelos. Nesse cenário, é fundamental que os médicos veterinários tenham domínio do manejo nutricional. “As doses devem ser administradas corretamente. Assim como a insuficiência de vitaminas, o excesso também pode causar danos até mais graves do que aqueles que a suplementação buscava corrigir”, observa Carvalho.

Por isso, é sempre válido reforçar a indicação de quantidade e horário das refeições aos tutores. “Poucos profissionais explicam, mas o melhor horário para a refeição dos gatos é a partir da tarde, quando o metabolismo começa a trabalhar melhor”, explica Carvalho. Ele salienta que no caso dos cães acontece o contrário: devem se alimentar pela manhã. “Esses são alguns dos erros que comprometem a saúde dos animais, e são erros cometidos em consultório”, salienta.

Recomendação: antes de qualquer mudança na dieta (inclusive de suplementação), o animal deve ser submetido a exames clínicos e laboratoriais. Os primeiros resultados contra a queda de pelos começam a aparecer após quatro semanas. Portanto, o médico veterinário tem de esperar até lá para começar a introdução de uma nova dieta ou um novo suplemento.

Confira a seguir a entrevista com o médico veterinário Yves de Carvalho, mestre em Nutrição Animal pela Universidade de São Paulo (USP).

O que o médico veterinário precisa saber em relação à nutrição de pequenos animais?
Temos de observar que a questão da pelagem passa pelo ponto de absorção de nutrientes, que só está estável na vida adulta. No início da vida, o animal tem deficiência porque está começando a produzir pelo. Já quando ganha idade, ele começa a perde-los. Então eles estão adaptados e com capacidade de absorver na fase de adulto jovem. Os problemas dermatológicos aparecem justamente quando se é jovem ou com idade avançada, e têm origem no quesito nutricional. A explicação para a maioria dos casos é que se costuma diminuir a qualidade da alimentação na vida adulta, deixando o organismo mais suscetível a problemas dermatológicos e imunológicos.

É comum ver essa confusão nos consultórios veterinários?
Sim. Vemos médicos veterinários que utilizam um padrão para determinar o ingresso na vida adulta – geralmente a idade de um ano, tanto para cães quanto para gatos. Acontece que nem todos os cães fecham o crescimento nessa faixa etária. Animais de pequeno porte atingem mais cedo. O chiwawa, por exemplo, chega à vida adulta aos oito meses. Animais de grande porte só chegam mais tarde. É o caso do dogue alemão, que é considerado adulto somente aos dois anos. Já os felinos fecham o crescimento aos 8 meses. Agora imagine como fica comprometido o fortalecimento nutricional desses animais, sem receber as propriedades de que precisam por meses ou até um ano? Portanto, recomendo que os médicos veterinários atentem para os problemas que esses padrões podem causar.

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Quais são os nutrientes essenciais para manter a pele e pelagem saudáveis?
A vitamina A tem especificidades para visão, pele e pelagem. Se eu tenho um animal com deficiência de vitamina A, posso suplementar com essa vitamina para recuperar os parâmetros de saúde. Mas é preciso cuidar com o excesso dela, principalmente em gatos. Nós temos ainda a produção de colágeno, que tem base em carnes de origem animal. Ele é fundamental, mas não exerce capacidade de nutriente funcional sozinha, por isso precisa ser suplementado com outros nutrientes, como a lisina. As vitaminas do complexo B, como a B6 (Piridoxina), B8 (Biotina), Vitamina PP ou Ácido Nicotinico, freiam o envelhecimento, e os animais perdem muito porque são vitaminas hidrossolúveis, ou seja, são perdidas na urina, no suor – então é preciso repor.

Considerando que as rações incluam todos os nutrientes na quantidade adequada (e que o animal também se alimente de modo adequado), as rações são suficientemente nutritivas?
Quando se fala em alimento industrializado falamos de alimentos que vão do econômico ao super premium. Quer dizer que todos eles devem ter uma alimentação balanceada, que cumpra pelo menos o mínimo para a satisfação nutricional daquela espécie. Se o produto é econômico e se diz balanceado, creio que recebe o mínimo necessário. Quando subimos de categoria, há maiores garantias no super premium, porque os níveis de nutrientes são mais completos.

Existe alguma outra possibilidade de tratamento para queda de pelos, além da suplementação?
A nutrição auxilia no tratamento de diversas doenças, mais como um suporte do que sendo a principal responsável. Por haver diversas causas, patológicas ou fisiológicas, a nutrição dá suporte à imunidade, aumentando a resistência do animal às principais doenças que possam causar as dermatoses. Portanto, ela é a mais indicada.