Três estratégias para prevenir as lacerações perineais
- julho/2018
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Lacerações perineais sofridas durante o parto podem significar perda na qualidade de vida de muitas mulheres. Desde os primeiros dias, a dor pélvica causa desconforto, dificultando o contato com o recém-nascido tanto no colo como na amamentação. Se não tratados, esses sinais podem agravar o quadro da paciente, gerando dor pélvica crônica, além de dispareunia, disfunção sexual e distopias genitais.
No passado, durante os partos normais, a incidência de lacerações perineais do tipo posterior espontânea costumava ser alta, devido à realização de episiotomia ou perineotomia. Mas esse quadro vem mudando.
Confira mais sobre a atualização em Ginecologia e Obstetrícia.
“Nos últimos anos houve uma mudança de paradigma em que passamos de uma episiotomia de rotina para casos seletos, quando necessários”, explica o médico Sérgio Hacker Luz, especialista em ginecologia e obstetrícia. “O próprio procedimento mudou. É menos profundo e tem sido feito mais tardiamente. Seu reparo também é diferente.”
Um estudo de metanálise publicado em junho de 2017 na Biblioteca Cochrane – rede global independente de pesquisadores, profissionais, pacientes, cuidadores e pessoas interessadas em saúde – avaliou técnicas de proteção perineal envolvendo mais de 15 mil mulheres que optaram pelo parto normal. A revisão, que utilizou 22 ensaios, concluiu que 20% das puérperas apresentavam lacerações de segundo grau, que comprometem o plano muscular. Apenas cerca de 4,5% sofreram lacerações de terceiro e/ou quarto graus, consideradas graves.
Ainda que não sejam graves, as lacerações perineais tornam-se um desconforto para a paciente, que precisa se adaptar a uma nova rotina e deve contar com o mínimo de dor possível. Por isso, a meta de atuação obstétrica é manter a integridade perineal, evitando as lacerações graves e a consequente incontinência fecal.
A obstetrícia, aliás, conta com algumas técnicas perineais de manejo. “Os cuidados incluem técnicas para o delivramento do feto, massagem perineal, expertise para indicar a episiotomia nas pacientes que tenham um risco maior de laceração grave”, explica Luz.
Confira a seguir três técnicas para prevenção de lacerações perineais antes do parto. Elas podem contribuir com o que vem se chamando de parto humanizado.
Técnicas anteparto
- Massagem perineal anteparto: consiste em um conjunto de técnicas de massagem perineal com óleos vegetais – os minerais podem provocar alergia. É utilizada como estratégia de proteção perineal.
Técnicas intraparto
- Hands-on: são técnicas que contêm o períneo durante o segundo período do trabalho de parto. Incluem massagem perineal intraparto, compressas mornas e manobra de Ritgen.
- Hands-off: é um conjunto de técnicas de massagem e compressas quentes nas quais o assistente não realiza nenhum tipo de proteção perineal durante o segundo período do trabalho de parto.
A laceração perineal é um dos temas do novo ciclo do Programa de Atualização em Ginecologia e Obstetrícia (PROAGO), desenvolvido pelo Secad em parceria com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e profissionais consagrados. Os conteúdos são lançados a cada três meses e, ao fim de um ano, com o encerramento do ciclo, o inscrito pode receber um certificado de até 180 horas.
A seguir, confira a lista completa do 15º ciclo do Programa de Atualização em Ginecologia e Obstetrícia (PROAGO):
- Histeroscopia ambulatorial e em centro cirúrgico
- Manejo da doença trofoblástica gestacional
- Obesidade mórbida e gestação
- Pólipos endometriais
- Prevenção da laceração perineal
- Redução da incidência do câncer de mama
- Antibioticoterapia em ginecologia e obstetrícia
- Avaliação materno-fetal com Doppler – novos marcadores e sua utilização na prática clínica
- Diagnóstico da falha de indução
- Diagnóstico e tratamento das úlceras genitais femininas
- Manejo das gestações gemelares com peso fetal discordante
- Síndrome da bexiga hiperativa
- Interpretação da cardiotocografia segundo as normas da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia de 2015
- Laserterapia no trato genital inferior
- O que o obstetra precisa saber sobre genética no seu dia-a-dia
- Prevenção e rastreamento do câncer genital
- Prolapso genital: recentes avanços
- Abordagem da hemorragia no período puerperal
- Contracepção no puerpério
- Pré-eclâmpsia: novos critérios de diagnóstico e manejo atual
- Rejuvenescimento genital
- Ultrassonografia nas massas anexiais

Redação Secad
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